Sua chegada
não anunciada
transformou minhas
palavras passadas em realidade.
Nunca antes a ficção do que escrevo
fez tanto sentido na materialidade.
Eu costumava brincar de sentir,
buscar na simulação de acontecimentos
alguma prova de que
o amor poderia ser verdadeiro.
Nada era palpável em minha fala,
minhas fantasias tamborilavam
numa algoz e medonha criação,
logo desapareciam.
Vivia, claro,
das formas mais intensas
enquanto me prostrava
a compor minhas
imaginativas linhas.
Entretanto tais sentimentos
não permaneciam em mim!
Tudo costumava ser efêmero,
jamais raso,
sempre transitório.
Até você acontecer.
Diante da face do medo,
eu alterei a sina dos covardes,
pois te quis como sopro
de inconstâncias
e temores
e a natureza inteira
rosnou os meus vacilos.
As flores ressacadas
e comigo ressentidas,
não mais presenteiam meu olfato,
nem mesmo as árvores
me oferecem
a mesma penumbra
para descanso.
Eu não durmo.
Toda a mata e mar
bravejam confusas
o desalinhamento da sorte,
afinal
eu não soube ser perpétua
como o destino
havia me reservado em tua vida.