terça-feira, 19 de outubro de 2021

nosso tempo é nosso e nada nos pertence mais

 


Nosso tempo é nosso e nada nos pertence mais
a nosso favor estão as agulhas dos relógios
e os tambores que sussurram o passar dos dias.

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

novamente penso sobre a imutabilidade de todos os ontens

Novamente penso sobre 
a imutabilidade de todos os ontens. 

Não há vício tão bárbaro 
quanto a obsessão de mudar o passado. 

Não há maior tragédia 
do que a não aceitação do tempo 
que se foi. 

Tempo este que evapora-se 
entre as palmas das mãos, 
dilui-se na elasticidade 
do pensamento. 

Não há cura 
para o coração 
que não se conforma 
com o sofrimento presente, 
coração que pulsa 
firme a vontade 
de apagar as fissuras 
da própria memória. 

Penso sobre as nuances 
da existência 
e na minha incapacidade 
de lidar com a plasticidade
daquilo que é real. 

Matéria prima, 
dialogo comigo, 
toda a vida dentro 
do que aconteceu 
e não muda jamais. 

Eu sou 
minha própria fatalidade 
e o raciocínio 
é meu pior inimigo. 

Morro por ser e pensar, 
padeço das minhas circunstâncias terrenas, 
além do que foi e também será. 

Vive em mim a agonia, 
o desgosto de não poder 
desenterrar nas dilatações 
das estações aquilo 
que me dói. 

Destruo as possibilidades 
de um respirar tranquilo,
 noites bem dormidas 
e dias mais dispostos. 

Tudo que há em meu corpo
são pequenos registros cutâneos 
do que tento inutilmente 
esquecer e apagar. 

A crueldade da minha violenta consciência 
me aprisiona em entendimentos tiranos 
sobre o significado dos ciclos da vida, 
não sou mais capaz de enxergar 
fluidez no tique taque do relógio. 

O que ocorre comigo é, 
talvez, 
o pior dos castigos terrestres 
e eu percebo um grito desesperado 
me cortando a garganta, 
implorando aos céus 
pela paz que me negam 
desde que meus grandes temores 
se tornaram realidade. 

Em vão penso o quão inútil 
é o sentimento de temor, 
quando o mundo lá fora 
lamenta a ingenuidade 
dos que cogitam qualquer controle. 

A ilusão de defesa assusta os fracos. 

Estive assustada. 
Despreparada 
para suportar o que é permanente. 

Me questiono 
se a simplicidade 
das minhas interpretações juvenis 
serão eternas. 

Orando baixinho
para que a constância 
da realidade possa ser como é, 
sempre real, 
mas nem tão sempre afinca 
e feroz 
no meu coração. 

Minhas preces voltam-se
 ao desejo de trégua, 
ao menos um fragmento 
de brandura 
para minha mente, 
mas sei que 
não há saídas para os inconformados. 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

é preciso aceitar as sombras do destino

É preciso aceitar as sombras do destino.
Compreender a dissolvência do tempo presente
Aceitar a imutabilidade de todos os ontens
A existência é o grande instante do agora.