Acho que serei atormentada
por todos os sábados e domingos
E todas as tardes de chuva me recordarão
que vivo em tempos sombrios
Carregarei no seio a memória
de beijos e falas que até mesmo o mar
nos visitava para contemplar
Pela orla que cruzastes em meus deleites
feito de mim a meretriz de suas noites boêmias
Ancorei-me em teus braços, ao desespero
em choro e em lamento, afinal
Sou mulher.
Neguei ser menor e tropecei utópica, certa
de que haveria em ti eternidades
do meu lar.
Contei os fadários peregrina
de suas costas maviosas que tantas
já traçaram suas próprias rotas.
Bebi dos teus olhos café que nuviosos
proclamavam baixinho, inaudíveis
que eram negros abismo, não bebida.
Recusei, então, perpetuar o que minhas cartas
já o haviam feito. Não há como fugir
do amor que eu mesma já contei
o amor que meus lábios presenciaram e
que minha carne em nostalgia revela
O líquido desse amor violento
eternamente em mim manchado.
Desconheci tua fúria,
me fiz tola diante de erros irremediáveis
mentiras e minhas eternas fugas dissimuladas
as quais não somente eu cometi.
Não haverão de negar de que
apesar de impuro, era amor.
Fui feliz e de ti me satisfiz
mas também
fui amarga, fria e cometi pecados
e abandonos, quais não me perdoo
roubei de ti o brilho em que me envolvias
Eu deitei em teu colo incontáveis vezes
me entreguei a ti, envergonhada
e me tomaste mesmo em nosso confronto
pois não admitíamos nosso companheirismo
e amizade além paixão
Esse real sentimento que sabe se lá como
se perdeu nos mares, nas tardes
nas músicas e nos olhares
Perdoe-me, Céu
Te traí.
Perdoe-me, Céu
Te traí.
Mas, te culpo magoada pelo aviso que deverias
ter-me dado
de que já em teus braços
não me cabia mais espaço
de que teu passado lhe tomaria o atraso
que eu certamente devo ter causado.
Sou assim, pequena, atrapalhada
em minhas linhas, náutica
eutópica, competente de todo o amor que guardo
e todo amor que espero
recomeçar a dar
se algum par de olhos, algum dia
me enfrentar.