Um dia entenderei,
porque meus medos se concretizam,
porque meus pedidos não se realizam,
porque meus silêncios não são compreendidos,
porque olho para o céu e vejo o passado do mundo,
mas nunca o meu.
Um dia entenderei porque não vivo sempre mais,
ao invés de estar morrendo devagarinho.
Entenderei porque chorar me custa tanto
quando sinto dores tão violentas.
Porque escrever carrega as dores mais profundas
e as palavras me fogem quando as necessito mais.
Entenderei esse olhar tão vago,
quando tudo que eu grito
está em sintonia do que vejo
Entenderei essa minha fúria
que mesmo enorme, me cala
e me afunda.
Um dia entenderei porque me sinto menos
quando imploro de joelhos para ser mais.
Um dia entenderei porque repito
as mesmas palavras em ordens
e catástrofes fractais.
Um dia entenderei a vida, que mesmo tão bonita
me entristece. Entenderei esse amargo azul
que faminto, cruel e sempre presente
me puxa para dentro de mim
e me emudece.