Quem irá perceber
as fragilidades do teu ser
sem que a descoberta te ameace?
Quem irá tentar aliviar
as brutais superfícies que te cobrem
e preservar os teus segredos?
Quem procurará tocar
as tuas cicatrizes invisíveis
e coexistir com tuas tragédias?
Quem irá compreender
que tuas ruínas
são efêmeras
mas tua angústia
talvez perpétua?
Quem suportará a consciência
de sermos sujeitos ao caos
sem desestabilizar suas certezas?
Quem, além de mim,
permanecerá contigo
com tal devoção?
Quem, além de mim,
te ofertará o sossego?
e te beijará em silêncio
nas horas vagas
em que não se sentes vivo.
Quem, além de mim,
aos teus céus e infernos
será fiel?