sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Ofereço-te meus lábios

Ofereço-te meus lábios,
minha doce substância
às sombras do meu ser
nos meus subterrâneos.

De mim tudo agora sabes
não ousei esconder-me de ti
nem deixar de te provocar
minhas linhas e contradições.

Açucaradas partes e partes
vou-me entregando afoita
meus lírios e lamentos
líquida, desfeita em pó.

Dissolvo-me em néctar
seiva obscura e perversa
lacunas do meu coração
hora vazio, hora repleto.

Entre minhas pernas
obscuras criptas incolores
para tua então tua caça
após infinda morada.

Faça-me eternamente tua
sem tardanças e lentidões
continuamente tua, apenas
repleta, ínsita masmorra.

Amo-te assim íntegra
cheia de saudades
palavras tão simples
devota ao nosso agora.